
Álcool e diabetes: o que esta combinação pode provocar?
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Indíce
- 1. O que acontece?
- 2. Efeitos do consumo
- 3. A combinação é impossível?
- 4. Alcoól vs Diabetes tipo 2
Quando o assunto é álcool e diabetes, ser cauteloso é a palavra de ordem. Além de afetar a função do fígado no armazenamento de açúcar no sangue, ingerir bebidas alcoólicas pode também interferir com alguns medicamentos para diabéticos. Assim, mesmo quem beba muito raramente, deve procurar orientação médica para não correr riscos.
Conheça, a seguir, quais as consequências associadas ao consumo de álcool por pessoas diabéticas e como este consumo pode também ser um fator de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2.
Diabetes e consumo de álcool: o que acontece?
A insulina, hormona produzida no pâncreas, é um importante regulador dos níveis de açúcar no sangue. Nas pessoas com diabetes tipo 1, o pâncreas não produz insulina suficiente, enquanto na diabetes tipo 2, o corpo não responde adequadamente à insulina.
A insulina serve, principalmente, para reduzir os níveis de açúcar no sangue, promovendo a absorção de açúcar nos músculos e no tecido adiposo, bem como a conversão de glicose na sua forma de armazenamento, o glicogénio. A principal função do fígado é armazenar glicogénio para utilizar como fonte de energia quando necessário, nomeadamente, entre as refeições e durante a noite. É também o centro de desintoxicação do corpo, decompondo toxinas, como o álcool, para que os rins possam eliminá-las facilmente.
Ao beber álcool, o fígado precisa de "trabalhar" para o remover do sangue, em vez de regular os níveis de glicose. É por esta razão que o consumo de bebidas alcoólicas por diabéticos pode piorar o controlo do açúcar no sangue.
O álcool tanto pode aumentar os níveis de glicose no sangue - hiperglicemia - como diminuir - hipoglicemia -, dependendo de quanto se bebe. Mas normalmente aumenta, uma vez que as bebidas alcoólicas têm imenso açúcar, principalmente cocktails e bebidas brancas.
Alguns medicamentos para tratar a diabetes, como insulina e sulfonilureias, também reduzem os níveis de glicose no sangue, estimulando o pâncreas a produzir mais insulina.
A combinação dos efeitos redutores de açúcar no sangue do medicamento com o álcool pode levar a uma situação de hipoglicemia grave. Como muitos dos sintomas da hipoglicemia - fala arrastada, sonolência, confusão ou dificuldade na locomoção - coincidem com os de embriaguez, pode ser difícil distinguir os dois. Ao não reconhecer os sinais de hipoglicemia, beber torna-se especialmente perigoso.
O consumo excessivo de álcool pode também agravar complicações médicas relacionadas com a diabetes, tais como distúrbios no metabolismo da gordura, danos nos nervos e doenças oculares.

Efeitos do consumo de álcool na diabetes
Resumidamente, estes são os possíveis efeitos do consumo de álcool em pessoas com diabetes:
- Quando consumido em jejum, o álcool pode levar a uma redução profunda nos níveis de glicose no sangue (ou seja, hipoglicemia);
- O consumo repetido de álcool, se a pessoa tiver comido, pode resultar no aumento dos níveis de açúcar no sangue (hiperglicemia);
- O álcool pode estimular o apetite, aumentando, assim, a ingestão de alimentos e comprometendo o controlo glicémico;
- As bebidas alcoólicas são, por norma, calóricas, dificultando a perda de peso, caso seja necessário;
- O consumo de álcool pode prejudicar o discernimento e levar a escolhas alimentares inadequadas;
- O álcool pode interferir na eficácia da insulina ou dos medicamentos orais para a diabetes;
- Consumir bebidas pode aumentar os níveis de triglicerídeos e a tensão arterial;
- Beber álcool provoca efeitos físicos como rubor facial, náuseas, aumento da frequência cardíaca e fala arrastada, que podem mascarar os sinais de hipoglicemia.
A combinação álcool e diabetes é completamente impossível?
Embora o álcool apresente riscos para os diabéticos, isto não significa que o consumo de bebidas alcoólicas deva ser completamente evitado. É possível fazê-lo com moderação e escolhas conscientes, nomeadamente:
- Opte por cervejas light com menos calorias, vinhos secos, água tónica ou água com gás;
- Informe o médico assistente se bebe regularmente. Também é importante avisar se os hábitos de consumo mudarem;
- Faça sempre uma refeição quando beber, para evitar níveis baixos de açúcar no sangue;
- Nunca substitua uma bebida por uma refeição;
- Evite licores e outras bebidas mais adocicadas;
- Ao beber à noite, deve testar os níveis de glicose antes de ir dormir. Se os níveis estiverem baixos, deve comer alguma coisa antes de se deitar.

Álcool como fator de risco para a diabetes tipo 2
Ainda que, sem muitas certezas, alguns estudos associem o consumo moderado de álcool a menor risco de doença cardíaca, a verdade é que o consumo em excesso é prejudicial para a saúde.
Na relação entre o consumo de álcool e o risco de diabetes tipo 2, destaca-se a importância de limitar o consumo. Assim, considerando os potenciais riscos para a saúde associados ao consumo de álcool, mesmo em quantidades moderadas, é essencial avaliar cuidadosamente os possíveis danos.
Os fatores de risco para a diabetes tipo 2 que podem ser alterados estão relacionados com a obesidade, maus hábitos alimentares e vida sedentária. Controlar a diabetes permite diminuir o desenvolvimento das complicações da doença, bem como doenças cardiovasculares.