a mesma tulipa de cores diferentes

Daltonismo: a condição que muda como se vê o mundo

7 mins. leitura

Índice

  1. 1. O que é o daltonismo?
  2. 2. Que tipos de daltonismo existem?
  3. 3. É verdade que o daltonismo afeta só os homens?
  4. 4. Existe tratamento?
  5. 5. Como diagnosticar

O daltonismo é a dificuldade em distinguir e percecionar cores. Embora muitas vezes desvalorizado, pode afetar vários aspetos do dia a dia, desde a escolha da roupa até à interpretação de sinais de trânsito.

A primeira pessoa a estudar esta condição de forma científica foi o químico John Dalton (1776–1844), ele próprio daltónico. Daí a designação "daltonismo".

Atualmente, não existe cura para esta anomalia visual. No entanto, existem maneiras de minimizar o seu impacto. Fique a saber quais.


O que é o daltonismo?

É uma condição visual em que a pessoa tem dificuldade em distinguir certas cores ou tons, especialmente entre vermelho e verde, embora também possam estar envolvidas outras combinações. Ao contrário do que se pensa, ver o mundo a preto e branco é extremamente raro.

Esta alteração da perceção cromática resulta de um mau funcionamento dos cones da retina — células sensíveis à luz que permitem detetar diferentes comprimentos de onda e, assim, ver as cores. Quando esses cones estão ausentes, danificados ou não funcionam corretamente, surge uma deficiência na visão das cores.

Apesar de existirem diferentes graus de severidade, a maioria dos casos não impede uma vida normal. Ainda assim, o daltonismo pode dificultar tarefas do dia a dia, como interpretar gráficos, escolher fruta madura ou reconhecer sinais visuais de alerta.


Que tipos de daltonismo existem?

O daltonismo pode ser classificado em diferentes tipos, consoante os cones da retina que não funcionam corretamente.

Os cones são células sensíveis à luz localizadas na retina e responsáveis por captar diferentes comprimentos de onda, permitindo distinguir as cores: os cones L (vermelho), M (verde) e S (azul).

Cada tipo de daltonismo afeta a perceção de cor de forma distinta, variando entre formas ligeiras e casos graves, que limitam significativamente a experiência visual.


Tricomacia anómala

A pessoa possui os três tipos de cones, mas um deles é menos sensível à luz do que o normal. Isso altera a perceção de determinadas cores, com variações entre casos ligeiros e mais acentuados. Existem três subtipos principais:

  • Protanomalia: os cones L (sensíveis ao vermelho) têm menor sensibilidade. O vermelho pode parecer mais escuro ou acinzentado.
  • Deuteranomalia: os cones M (sensíveis ao verde) funcionam de forma deficiente. Verdes e vermelhos parecem mais apagados ou semelhantes.
  • Tritanomalia (raro): os cones S (sensíveis ao azul) são menos sensíveis. Os azuis podem parecer esverdeados e o amarelo pode quase desaparecer.

Dicromacia

Neste caso, a pessoa tem somente dois tipos de cones funcionais. Um dos tipos está ausente, o que compromete mais gravemente a distinção entre certas cores. Inclui:

  • Protanopia: ausência dos cones L, comprometendo a perceção do vermelho, que pode ser confundido com preto ou castanho escuro.
  • Deuteranopia (mais comum): ausência dos cones M, dificultando a distinção entre tons de verde e vermelho.
  • Tritanopia (raro): ausência dos cones S. A perceção do azul é afetada, alterando também a perceção do amarelo.

Monocromacia

Forma mais rara e severa de daltonismo, em que existe somente um tipo de cone funcional ou nenhum. A visão das cores é praticamente inexistente:

  • Monocromacia dos cones azuis: só funcionam os cones S. A visão é limitada a tons de azul e cinzento, com dificuldade acentuada em distinguir outras cores.
  • Acromatopsia (monocromacia total): nenhum cone funciona corretamente. A pessoa vê a preto, branco e tons de cinzento. Além disso, pode apresentar outros sintomas, como sensibilidade à luz (fotofobia), movimentos involuntários dos olhos (nistagmo) e baixa acuidade visual.

É verdade que o daltonismo só afeta homens?

Não, mas é mais frequente nos homens. O daltonismo hereditário está ligado ao cromossoma X, o que significa que os homens (que têm apenas um X) são mais vulneráveis, ou seja, se herdarem o gene defeituoso, vão ter daltonismo.

As mulheres, por terem dois cromossomas X, têm mais probabilidade de ser apenas portadoras do gene e passá-lo aos filhos. Em casos raros, as mulheres podem desenvolver formas adquiridas de daltonismo devido a doenças, lesões ou medicamentos.

Estima-se que cerca de 8% dos homens e 0,5% das mulheres em todo o mundo tenham algum grau de daltonismo.


Quais as causas?

A causa mais comum do daltonismo é de origem genética. Nestes casos, a condição está presente desde o nascimento e mantém-se ao longo da vida.

Contudo, o daltonismo também pode ser adquirido, devido a fatores como:

  • Doenças oculares (por exemplo, degenerescência macular ou retinopatia diabética);
  • Lesões nos olhos ou em áreas do cérebro responsáveis pela perceção visual;
  • Efeitos secundários de certos medicamentos;
  • Envelhecimento natural (como acontece com a formação de cataratas).

Em qualquer uma das situações, o resultado é uma falha no funcionamento dos cones da retina, as células responsáveis por interpretar as cores e enviar sinais ao cérebro.


Quais os fatores de risco para o daltonismo?

Os principais fatores de risco associados esta condição ocular são:

  • História familiar (daltonismo hereditário), especialmente entre familiares próximos;
  • Sexo masculino, devido à ligação genética ao cromossoma X;
  • Etnia caucasiana, com maior incidência entre pessoas de origem do norte da Europa;
  • Doenças oculares como o glaucoma ou a degeneração macular;
  • Doenças neurológicas ou sistémicas, como a esclerose múltipla, a diabetes ou a doença de Alzheimer;
  • Uso de certos medicamentos, como a hidroxicloroquina;
  • Lesões oculares, danos no nervo óptico ou tratamentos médicos, como radioterapia ou cirurgia ocular;
  • Exposição a químicos tóxicos, como solventes industriais;
  • Envelhecimento, que pode afetar gradualmente a perceção das cores.

paciente no oftalmologista a fazer o teste de Ishihara

Como diagnosticar o daltonismo?

O daltonismo pode ser identificado através de testes específicos que avaliam a capacidade de distinguir cores.

A maioria dos casos é detetada ainda na infância, mas também pode ser diagnosticada mais tarde, caso os sintomas sejam subtis.


Teste de Ishihara

O teste de Ishihara é o mais utilizado para diagnosticar o daltonismo.

Este teste consiste em placas com círculos de pontos coloridos que formam números ou figuras.

Pessoas com visão normal conseguem ver facilmente os números, mas quem é daltónico pode não os conseguir identificar.


Outros métodos de diagnóstico

Além do Ishihara, existem outros exames que os oftalmologistas podem utilizar para confirmar o tipo de daltonismo e a gravidade:

  • Anomaloscópio: mede com precisão a perceção das cores e é especialmente útil para identificar deficiências na visão das cores vermelha e verde.
  • Testes de arranjo de cores: é como o teste Farnsworth D-15, em que a pessoa organiza discos coloridos por ordem cromática.
  • Testes digitais e aplicações móveis: podem ser usados como forma de triagem inicial, mas não substituem uma avaliação profissional.

Como identificar se a criança é daltónica?

O diagnóstico precoce do daltonismo é fundamental para evitar dificuldades na aprendizagem e na integração social.

Muitas vezes, os pais ou educadores são os primeiros a notar os sinais, como:

  • Confusão frequente entre cores básicas (vermelho e verde, azul e roxo);
  • Desenhos com cores que não correspondem à realidade;
  • Dificuldade em seguir instruções baseadas em cores;
  • Comentários como "estas cores parecem iguais" ou frustração em atividades visuais.

Nestes casos, é recomendada a consulta com um oftalmologista pediátrico para uma avaliação completa.


oftalmologista mostra óculos

Existe tratamento?

Atualmente, não existe cura para o daltonismo hereditário. No entanto, existem estratégias e recursos que podem ajudar a melhorar a perceção de cores e a facilitar as atividades diárias.

Importa consultar um oftalmologista para obter um diagnóstico preciso e recomendações adaptadas a cada caso.


Óculos com filtros especiais

Algumas pessoas com formas leves ou moderadas de daltonismo podem beneficiar de óculos com filtros cromáticos. Estes óculos utilizam lentes especiais para aumentar o contraste entre cores semelhantes, ajudando a distinguir melhor tons como vermelho e verde.

Embora não curem a condição, podem proporcionar uma melhoria significativa em certas situações, como atividades profissionais, condução ou apreciação de arte.


Aplicações e ferramentas digitais

Existem diversas aplicações móveis e softwares que auxiliam na identificação de cores através de fotografias ou realidade aumentada. Estas ferramentas são úteis para tarefas do quotidiano, como escolher roupa ou interpretar gráficos coloridos.


Códigos de cores acessíveis

Em Portugal, o sistema ColorADD é uma referência em acessibilidade. Este sistema usa símbolos gráficos para representar cores, sendo aplicado em materiais escolares, etiquetas de roupa, medicamentos e transportes públicos, facilitando a inclusão de pessoas com daltonismo.


Adaptações no trabalho e na escola

Ajustes nos ambientes profissionais e educativos, como o uso de símbolos, contrastes reforçados ou legendas descritivas, também podem ser importantes para garantir a acessibilidade de pessoas com daltonismo.


Viver com daltonismo

Apesar de não existir cura para o daltonismo, esta condição não impede uma vida plena e funcional.

Embora certas profissões — como piloto de aviação, controlador de tráfego aéreo ou eletricista — possam impor restrições devido à necessidade de distinguir sinais de cor com precisão, muitas outras áreas permanecem totalmente acessíveis, sobretudo quando são feitas pequenas adaptações no ambiente ou nos materiais visuais.

A consciencialização precoce é fundamental. Quando o daltonismo é identificado ainda na infância, é possível implementar estratégias para facilitar a aprendizagem e a interação com o mundo. Isto inclui, por exemplo, materiais escolares adaptados, a utilização de símbolos em vez de cores isoladas, e o apoio de professores e cuidadores.

Além disso, a tecnologia tem desempenhado um papel crucial na inclusão de pessoas daltónicas. Ferramentas como aplicações móveis para identificação de cores, filtros digitais, óculos com lentes filtrantes e sistemas de comunicação visual como o ColorADD ajudam a tornar o dia a dia mais acessível para quem não vê as cores da forma convencional.

Aviso: O Blog Mais Saúde é um espaço meramente informativo. A Medicare recomenda sempre a consulta de um profissional de saúde para diagnóstico ou tratamento, não devendo nunca este Blog ser considerado substituto de diagnóstico médico.

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