As principais reações às vacinas para a Covid-19
20 Janeiro 2022 • 9 mins. leitura
Para analisar as reações às vacinas da Covid-19, tivemos essencialmente por base o Relatório de Farmacovigilância do Infarmed (31/12/2021) e respetivas tabelas, que nos deixam informações úteis sobre o processo de vacinação, no que diz respeito às reações provocadas, até ao final do ano transato.
De um modo geral, o balanço é até agora positivo, sendo possível afirmar que, no que toca às vacinas contra a Covid-19, os benefícios superam em grande parte os possíveis riscos.
Assim, grande parte da comunidade científica defende que as vacinas contra a Covid-19 são seguras e “a intervenção de saúde pública mais efetiva para reduzir o número de casos de doença grave e morte originados pela infeção pelo SARS-CoV-2”. (Relatório de Farmacovigilância do Infarmed (31/12/2021)).
Reações às vacinas para a Covid-19: tudo o que sabemos até ao momento
É útil perceber como funciona a monitorização das reações à vacinação contra a Covid-19.
Basicamente, enquanto são administradas, a nível global, as vacinas contra a Covid-19, vão sendo registadas pelos profissionais de saúde as respetivas reações a essas vacinas. A partir desses registos, é possível determinar quais os tipos de reações detetadas e qual a sua regularidade.
Nível de gravidade das reações às vacinas
Tendo por base o Relatório de Farmacovigilância do Infarmed (31/12/2021), podemos concluir que até ao final do ano passado foram registadas, no que respeita às reações das vacinas, os seguintes níveis de gravidade:
| Gravidade | Total | Percentagem |
|---|---|---|
| Não | 14 656 | 68 % |
| Sim | 6939 | 32 % |
As reações consideradas graves podem ainda ser subdivididas da seguinte forma:
| Casos classificados como graves | Número | Percentagem |
|---|---|---|
| Clinicamente importante | 4 172 | 19,3 % |
| Incapacidade | 1 698 | 7,9 % |
| Hospitalização | 742 | 3,4 % |
| Risco de vida | 208 | 1 % |
| Morte | 116 | 0,5 % |
Quanto à prevalência das reações no que concerne à idade e ao género, podemos afirmar que as reações à vacina contra a Covid-19 têm sido mais frequentes em mulheres, entre os 25 e os 49 anos de idade.
| Género/gravidade | Casos graves de RAM | Casos não graves de RAM |
|---|---|---|
| Masculino | 2 063 | 4 270 |
| Femenino | 4 520 | 9 703 |
| Desconhecido | 356 | 683 |
| Grupo etário (em anos) | Casos graves | Casos não graves | Número de vacinas administradas* | Número de RAM por 1000 vacinas administradas |
|---|---|---|---|---|
| 5 aos 11 | 4 | 2 | 95 797 | 0,06 |
| 12 aos 17 | 97 | 91 | 1 104 888 | 0,17 |
| 18 aos 24 | 381 | 725 | 1 207 844 | 0,92 |
| 25 aos 49 | 3 217 | 6 430 | 5 981 217 | 1,61 |
| 50 aos 64 | 1 561 | 3 281 | 4 647 763 | 1,04 |
| 65 aos 79 | 940 | 2 075 | 4 645 208 | 0,65 |
| ≥ 80 | 440 | 455 | 1 965 472 | 0,46 |
| Desconhecido | 303 | 1 561 | N.A. | N.A. |
Número de reações em função do tipo de vacina
Apesar de não termos dados suficientes para comparar os perfis de segurança das vacinas para a Covid-19 administradas, os dados reunidos indicam que foi a vacina Vaxzevria (vulgo AstraZeneca), aquela que registou maior número de casos de reações adversas a medicamentos (RAM) por 1000 vacinas administradas, conforme a tabela seguinte expõe:
| Vacina | Comirnaty | Spikevax | Vaxzevria | Janssen | NIND |
|---|---|---|---|---|---|
| número de vacinas administradas* | 13 814 508 | 2 475 290 | 2 229 270 | 1 129 148 | N.A. |
| Número de casos de RAM | 10 993 | 2 440 | 6 166 | 1 878 | 118 |
| Número de casos de RAM por 1000 vacinas administradas | 0,80 | 1 | 2,80 | 1,70 | N.A. |
Principais reações à vacina contra a Covid-19
De acordo o Relatório de Farmacovigilância do Infarmed (31/12/2021), há reações que têm sido registadas com mais frequência do que outras.
Eis as 15 mais prevalentes de todas:
| RAM (termo MedDRA PT) | Total |
|---|---|
| Pirexia (febre) | 4 874 |
| Cafaleia (dor de cabeça) | 4810 |
| Mialgia (dor muscular) | 4 463 |
| Dor no local de injeção | 4 011 |
| Fadiga | 2 419 |
| Calafrios | 2 062 |
| Náusea | 1 770 |
| Dor generalizada | 1 538 |
| Artralgia (dor articular) | 1 502 |
| Tonturas | 1 258 |
| Mal-estar geral | 1 236 |
| Dor nas extremidades corporais | 1 224 |
| Linfadenopatia (aumento de volume dos gânglios linfáticos) | 971 |
| Astenia (fraqueza orgânica) | 921 |
| Vómitos | 908 |
No entanto, no que respeita às reações à toma da terceira dose, os efeitos mais prevalentes parecem ser ligeiramente distintos, conforme comprova a tabela seguinte:
| RAM (termo MedDRA PT) | Total |
|---|---|
| Mialgia (dor muscular) | 38 |
| Pirexia (febre) | 29 |
| Cefaleia (dor de cabeça) | 28 |
| Calafrios | 24 |
| Artralgia (dor articular) | 19 |
| Linfadenopatia (aumento de volume dos gânglios linfáticos) | 18 |
| Náuseas | 14 |
| Fadiga | 14 |
| Dor axilar | 11 |
| Tonturas | 10 |
Como proceder em caso de reações às vacinas para a Covid-19
As principais reações às vacinas para a Covid-19 são, na sua maioria, consideradas leves, passando em horas ou dias, como é o caso de dores de cabeça ou musculares, febre ou desconforto no local da picada.
Para aliviar essa sintomatologia, pode tomar um analgésico e/ou antipirético, para atenuar a dor e a febre.
Por outro lado, sempre que a reação seja considerada grave, é essencial contactar a linha de saúde 24 (808 24 24 24), deslocar-se à urgência hospitalar mais próxima ou, mesmo, ligar ao 112.