O que deve saber sobre a utilização da pílula
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Há mais de meio século que a pílula revolucionou a vida sexual dos casais, bem como a saúde íntima feminina. Desde que foi criado, este comprimido foi evoluindo e reunindo cada vez mais vantagens, além da prevenção de uma gravidez indesejada.
Entre os seus benefícios estão:
- A regularização dos ciclos menstruais;
- As hemorragias menos abundantes;
- A melhoria da tensão pré-menstrual e da dismenorreia;
- A redução do risco de Doença Inflamatória Pélvica (DIP), do cancro do ovário e do endométrio, dos quistos funcionais do ovário, da doença poliquística, da doença mamária benigna e da anemia.
Apesar das suas vantagens, devemos ter noção de que a pílula também tem efeitos secundários e contraindicações e que há alguns cuidados que deve ter na sua toma.
Além disso, importa evitar ao máximo esquecimentos na sua toma e nunca esquecer que este contracetivo não previne a transmissão das Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST), razão pela qual também deve ser usado preservativo durante as relações sexuais.
O que é a pílula e como é que ela atua?
A pílula é um método contracetivo oral e hormonal que evita em 99% as gravidezes indesejadas, desde que tomada de forma regular, sempre à mesma hora e após sete dias de toma consecutiva.
Para ter este efeito, a generalidade das pílulas possui hormonas sintéticas que simulam as hormonas produzidas pelos ovários. Deste modo, estas hormonas sintéticas inibem as ovulações, impedindo que a mulher tenha período fértil.
O anticoncepcional oral também modifica o muco cervical, com o objetivo de dificultar a penetração do espermatozóide.
Tipos de pílula
Existem diferentes tipos de pílulas, os quais se distinguem, essencialmente, pela sua dosagem e pelas hormonas que a compõem.
A opção por um tipo de pílula em detrimento de outro deve ter em conta uma recomendação médica, a qual deve ter por base aspetos como a história clínica e a faixa etária em que a mulher se insere.
Principais tipos de pílula e suas caraterísticas | ||
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Pílula monofásica | Comprimidos com a mesma dosagem e compostos por estrogénios e progestagénios. | Os comprimidos devem ser tomados, consecutivamente, durante 21 dias, seguidos de uma interrupção de 7 dias. |
Pílula bifásica | Comprimidos com duas dosagens distintas e compostos por estrogénios e progestagénios. | |
Pílula trifásica | Comprimidos com três dosagens diferentes, que simulam o ciclo menstrual e que são compostos por estrogénios e progestagénios. | |
Pílula sem estrogénios | Pílula indicada para mulheres que não podem tomar estrogénios, como é o caso das lactantes. | Os comprimidos devem ser tomados de forma contínua, sem paragens. |
Efeitos secundários e contraindicações
A pílula, sobretudo nos primeiros meses de toma, pode ter alguns efeitos colaterais, tais como:
- Náuseas;
- Vómitos;
- Alterações no peso;
- Alterações na tensão arterial;
- Alterações na sensibilidade mamária;
- Alterações no fluxo menstrual;
- Pequenas perdas de sangue.
Também há situações em que a pílula está contraindicada ou não é especialmente recomendada:
- Gravidez;
- Neoplasia hormono dependente;
- Hemorragia genital anormal e não diagnosticada;
- Tumor hepático;
- Doença hepática crónica;
- Icterícia colestática na gravidez;
- Risco de AVC, doença arterial cerebral ou coronária;
- Mulheres com mais de 35 anos e fumadoras;
- Mulheres que sofram de varizes, diabetes mellitus, hipertensão ou hiperlipidémia, depressão, epilepsia e/ou cefaleia grave.
Cuidados a ter
Além de ter em atenção os efeitos secundários e as contraindicações associadas à pílula que falámos anteriormente, é importante ter outros cuidados com a toma destes comprimidos, nomeadamente em situações que podem pôr em causa a eficácia deste contracetivo.
Lembrando que cada pílula pode ter fórmula e dosagens distintas, deve ter-se em atenção a forma de uso de cada uma, principalmente em casos de esquecimentos.
É este o caso da toma de determinados medicamentos, mas também de condições como vomitar ou ter diarreia.
O que fazer no caso de vomitar, depois de tomar a pílula?
- Se vomitar até quatro horas depois da toma da pílula, deve tomar outra pílula;
- Se vomitar quatro ou mais horas depois da toma da pílula, a eficácia contracetiva está garantida, por isso, não deve voltar a tomar uma pílula nesse dia.
O que fazer no caso de ter diarreia, depois de tomar a pílula?
Neste caso, apenas deve tornar a tomar a pílula respeitante a esse dia se:
- A diarreia ocorrer quatro ou mais horas depois da altura da toma;
- A diarreia for líquida;
- Registar cinco ou mais episódios de diarreia num dia.
O que deve fazer se se esquecer de tomar a pílula?
As medidas a adotar no caso de se ter esquecido de tomar a pílula vão depender do atraso na toma e da altura do mês em que o esquecimento ocorreu.
Como deve proceder se o atraso na toma da pílula for inferior a 24 horas? |
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Tomar a pílula esquecida |
Prosseguir com a toma normal das restantes pílulas, nos dias previstos. |
Como deve proceder se se tiver esquecido de tomar duas ou mais pílulas?
Primeira semana (da 1ª à 7ª pílula)
- Tomar as pílulas em atraso;
- Fazer a contraceção de urgência/“pílula do dia seguinte” (caso tenha tido relações sexuais nos três dias anteriores);
- Usar preservativo nas relações sexuais que tiver nos sete dias seguintes.
Segunda semana (da 8ª à 14ª pílula)
- Continuar a toma da embalagem de pílulas;
- Usar preservativo nas relações sexuais que tiver nos sete dias seguintes.
Terceira semana (da 15ª à 21ª pílula)
- Acabar de tomar a embalagem de pílulas e iniciar uma nova sem parar;
- Usar preservativo nas relações sexuais que tiver nos sete dias seguintes.
Nota: Em caso de dúvida, contacte um profissional de saúde ou ligue para a Sexualidade em Linha (800 222 003).