Como tratar e prevenir a conjuntivite alérgica?
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Indíce
- 1. O que é?
- 2. Tipologia
- 3. O que causa?
- 4. Como é diagnosticada?
- 5. Tratamento
A conjuntivite alérgica é comum, sobretudo em pessoas que sofrem de alergias, como a alergia ao pólen, que se intensifica em determinadas épocas do ano.
Embora as complicações sejam raras, os sintomas, como prurido intenso nos olhos e aumento da sensibilidade à luz, são bastantes desconfortáveis e podem afetar a realização das atividades diárias.
Neste artigo, fique a saber mais sobre a conjuntivite de origem alérgica, incluindo causas, sintomas, tratamento e medidas de prevenção.
O que é a conjuntivite alérgica e que tipos existem?
A conjuntivite alérgica é uma condição ocular bastante comum, caraterizada pela inflamação da conjuntiva, a membrana que reveste o interior das pálpebras e a parte branca do globo ocular.
Esta inflamação ocorre como resultado de uma reação alérgica a substâncias como pólen, esporos de bolor, pelos de animais e ácaros. A exposição a estes alergénios provoca sintomas típicos, como vermelhidão, comichão e lacrimejo nos olhos, especialmente durante a época da rinite alérgica sazonal (febre dos fenos), ou seja, na primavera.
A conjuntivite pode afetar tanto crianças como adultos, bem como pode afetar um ou os dois olhos simultaneamente. Ao contrário da conjuntivite bacteriana ou viral, que pode facilmente ser transmitida de pessoa para pessoa, a conjuntivite alérgica, em particular, não é contagiosa.
Existem três principais formas de conjuntivite, dependendo da sua origem:
- Infeciosa: é causada por vírus, bactérias ou fungos.
- Alérgica: é o tipo mais comum, desencadeado por alergénios como o pólen.
- Tóxica: resulta do contacto com substâncias irritantes ou tóxicas.
Tipos de conjuntivite alérgica
A conjuntivite alérgica pode ser dividida em várias subcategorias, nomeadamente:
- Conjuntivite Alérgica Sazonal: associada à exposição ao pólen, especialmente durante a primavera e outono.
- Conjuntivite Alérgica Perene: ocorre durante todo o ano, frequentemente exacerbada por ácaros, pelos de animais e esporos de bolor. Geralmente, os sintomas são mais leves em comparação com a forma sazonal.
- Queratoconjuntivite Atópica: esta forma de conjuntivite alérgica é mais grave e frequentemente associada à dermatite atópica. Os sintomas incluem prurido intenso e inflamação, podendo afetar tanto a conjuntiva quanto a córnea.
- Queratoconjuntivite Vernal: trata-se de uma forma mais rara e grave. Afeta tipicamente crianças e jovens, especialmente em climas quentes. Envolve, principalmente, a conjuntiva das pálpebras e pode causar danos à córnea e comprometer a visão.
- Conjuntivite Papilar Gigante: normalmente associada ao uso de lentes de contacto ou corpos estranhos oculares. É caraterizada pela formação de grandes pápulas na conjuntiva. Esta condição pode ocorrer quando a resposta alérgica é desencadeada por alergénios que aderem a superfícies oculares.
O que causa a conjuntivite alérgica?
A conjuntivite alérgica ocorre quando os olhos entram em contacto com substâncias irritantes (alergénios), como:
- Pólen (mais comum na primavera e no início do verão);
- Pó doméstico;
- Ácaros;
- Pelos de animais;
- Esporos de bolor;
- Produtos químicos (cosméticos, maquilhagem, perfumes ou produtos de limpeza).
Quando estas substâncias entram em contacto com os olhos, desencadeiam uma resposta do sistema imunitário que leva à inflamação da conjuntiva.
Algumas pessoas podem também apresentar sintomas em resposta a determinados medicamentos ou substâncias que entram em contacto com os olhos, como soluções para lentes de contacto ou colírios.
A conjuntivite alérgica é mais comum em indivíduos com antecedentes de alergias, bem como em pessoas com antecedentes familiares de alergias.
Quais os sintomas da conjuntivite alérgica?
A conjuntivite alérgica provoca uma série de sintomas incómodos, sendo estes os principais:
- Prurido intenso nos olhos;
- Olhos vermelhos e inflamados;
- Lacrimejo excessivo como resposta à irritação, podendo ser aquoso ou, em alguns casos, pegajoso;
- Sensação de areia nos olhos;
- Inchaço das pálpebras;
- Sensibilidade à luz (fotofobia).
Estes sintomas podem surgir de forma súbita. Costumam afetar ambos os olhos, mas a intensidade pode não ser igual.
Além dos sintomas oculares, a conjuntivite alérgica pode, ainda, vir acompanhada por sintomas nasais, como corrimento nasal, espirros e comichão no nariz.
É importante consultar um oftalmologista ou o médico assistente, se estes sintomas persistirem ou se houver alguma alteração na visão.
Como é diagnosticada?
O diagnóstico da conjuntivite alérgica tem por base o histórico de sintomas do paciente, exame físico dos olhos e, quando indicado, testes adicionais para identificar os alergénios responsáveis, nomeadamente, os testes de alergia na pele (prick tests) ou exames de sangue (IgE).
Pode, ainda, ser feito o teste de lágrima, através do qual são recolhidas amostras do filme lacrimal (lágrima) para análise, a fim de se verificar a presença de células inflamatórias, como eosinófilos, que são indicadores de reações alérgicas.
Que opções de tratamento existem?
O tratamento visa aliviar os sintomas e controlar as reações alérgicas. As opções de disponíveis podem ser utilizadas isoladamente ou em combinação, dependendo da gravidade dos sintomas e da resposta individual. Assim:
- Anti-histamínicos: medicamentos que bloqueiam a ação da histamina, substância libertada pelo sistema imunitário em resposta a alergénios. Existem em forma de gotas oculares ou comprimidos e são frequentemente a primeira linha de tratamento, ajudando a reduzir o prurido, vermelhidão e lacrimejo.
- Estabilizadores de mastócitos: previnem a libertação de histamina pelas células mastocitárias, sendo particularmente eficazes no tratamento de conjuntivites alérgicas mais persistentes. Podem ser usados preventivamente, antes da exposição a alergénios.
- Descongestionantes em gotas oculares: utilizados por curtos períodos, para aliviar o inchaço e a vermelhidão dos olhos. O seu uso prolongado não é recomendado, uma vez que pode agravar os sintomas.
- Corticosteroides: em casos graves, o médico pode prescrever gotas oculares com corticosteroides para reduzir rapidamente a inflamação. Contudo, o uso prolongado deve ser evitado, devido a potenciais efeitos secundários, como o aumento da pressão ocular.
- Lubrificantes oculares: pessoas com conjuntivite alérgica normalmente não produzem lágrimas suficientes. As gotas lubrificantes podem aliviar o desconforto e podem ser usadas conforme necessário.
- Imunoterapia: para casos em que a conjuntivite alérgica é causada por alergias específicas, a imunoterapia pode ser uma opção. Inclui injeções ou comprimidos com extratos dos alergénios, ajudando a dessensibilizar o sistema imunitário.
- Medidas comportamentais: a remoção do alergénio é fundamental. Isso inclui medidas como o uso de chapéu e óculos de sol ao ar livre, durante a época de alergias, e lavar o rosto frequentemente para eliminar alergénios da pele.
Para aliviar os sintomas em casa:
- Retire as lentes de contacto, se usar;
- Coloque compressas frias nos olhos;
- Utilize "lágrimas artificiais" de venda livre, um tipo de colírio que pode ajudar a aliviar o prurido e o ardor.
A conjuntivite alérgica pode causar complicações?
Embora seja, por norma, uma condição benigna e não represente uma ameaça significativa à saúde ocular, podem ocorrer complicações graves e comprometer a visão e a qualidade de vida.
A longo prazo, algumas pessoas com conjuntivite alérgica podem sofrer danos na córnea, que afetam a visão. Entre as complicações mais graves, estão:
- Cicatrizes na conjuntiva e na córnea: a inflamação crónica pode levar à formação de cicatrizes, incluindo cicatriz conjuntival e pannus (crescimento de tecido cicatricial sobre a córnea), que prejudicam a visão.
- Papilas gigantes e úlceras de escudo: em alguns casos, podem surgir pequenas lesões elevadas na conjuntiva (papilas gigantes) e úlceras superficiais na córnea (úlceras de escudo), que aumentam o desconforto e o risco de infeção.
- Ceratite bacteriana: uma infeção na córnea que pode ocorrer devido à inflamação crónica, podendo resultar em cicatrizes permanentes.
- Neovascularização da córnea: crescimento anormal de vasos sanguíneos na córnea, comprometendo a visão.
- Glaucoma induzido por esteroides: o uso prolongado de corticosteroides no tratamento da conjuntivite alérgica pode aumentar a pressão intraocular, elevando o risco de glaucoma.
- Olhos secos: a inflamação contínua pode interferir com a produção de lágrimas, resultando em secura ocular.
- Ceratocone: uma condição em que a córnea adquire uma forma cónica devido ao afinamento, distorcendo a visão.
As complicações são raras, mas podem surgir em casos graves ou quando a condição se prolonga sem tratamento adequado. É essencial o acompanhamento médico para a conjuntivite alérgica, especialmente em situações mais severas ou persistentes.
Prevenir a conjuntivite alérgica
A prevenção da conjuntivite alérgica passa, sobretudo, pela redução da exposição aos alergénios que desencadeiam a condição. Algumas medidas preventivas incluem:
- Evitar a exposição ao pólen: durante a primavera e o início do verão, quando os níveis de pólen são mais elevados, tente reduzir o tempo passado ao ar livre. Feche as janelas de casa e do carro, para evitar a entrada de pólen.
- Limpeza regular: limpe a casa com frequência, para reduzir a presença de pó e ácaros. Lave a roupa de cama a altas temperaturas e utilize aspiradores com filtros HEPA, para remover alergénios.
- Evitar o contacto com animais: se é alérgico a pelos de animais, limite o contacto com os mesmos e lave as mãos após tocar em animais.
- Higiene ocular: lave as mãos frequentemente e evite tocar nos olhos, especialmente se estiver num ambiente com alergénios. Use óculos de sol para proteger os olhos do pólen e de outros irritantes.
- Uso de filtros de ar: utilize purificadores de ar ou filtros de ar condicionado, que ajudem a reduzir a presença de alergénios no ambiente doméstico.
Identificar e evitar as substâncias irritantes são a primeira linha de defesa, enquanto o tratamento com medicamentos apropriados alivia eficazmente os sintomas. Se os sintomas persistirem, consulte um médico oftalmologista para obter um diagnóstico e plano de tratamento adequados.