mulher deitada a ser auscultada

Arritmias: como saber ouvir o seu coração

5 mins. leitura

As arritmias são alterações na formação ou na condução dos impulsos elétricos cardíacos, o que altera o ritmo e a frequência com que acontece o batimento cardíaco.

Na maioria dos casos, não representam qualquer perigo para a saúde, embora possam provocar alguma ansiedade se a pessoa sentir essas alterações.

Geralmente, as arritmias não apresentam sintomas e não interferem com a capacidade do coração para bombear o sangue. No entanto, quando isso acontece ela é considerada grave. Dependendo da sua origem, podem mesmo resultar em morte súbita.

As arritmias iniciadas nos ventrículos – câmaras internas inferiores que bombeiam o volume sanguíneo acumulado a partir dos átrios para os tecidos periféricos – são as mais complicadas. Consistem na taquicardia ventricular (TV) e a fibrilação ventricular (FV). Ambas são arritmias que colocam a vida em risco e estão normalmente associadas a ataques cardíacos.

A arritmia cardíaca é, assim, uma perturbação na formação e condução (através de feixes nervosos) dos impulsos elétricos que provocam e determinam o ritmo dos batimentos cardíacos.

Quando ocorre a perturbação, o ritmo dos batimentos do coração é alterado de uma das seguintes formas:

  • Taquicardia (frequência cardíaca mais rápida);
  • Bradicardia (frequência cardíaca mais baixa);
  • Palpitação ou disritmia (irregular)

A arritmia não é, em si mesma, uma doença cardíaca, mas um sintoma que pode estar relacionado com várias doenças ou condições do coração. Há, no entanto, um conjunto de fatores de risco. Os mais frequentes são:

As arritmias cardíacas podem, ainda, ser de vários tipos: fibrilação artrial, taquicardia sinusal mutifocal, taquicardia paroxística supraventricular, taquicardia ventricular ou fibrilação ventricular.


Tipos de arritmia, causas e sintomas

Fibrilação Artrial

A fibrilação atrial é uma das arritmias mais comuns e ocorre quando vários impulsos elétricos são disparados em simultâneo, dando ao músculo cardíaco várias ordens de contração ao mesmo tempo.

Esta situação gera uma frequência cardíaca irregular e muito rápida. O coração bate de forma descompassada e acelerada e o sangue bombeado para o resto do corpo deixa de ser suficiente. Geralmente, pode haver formação de trombos atriais, acarretando risco significativo de acidente vascular encefálico por embolia.

Os principais sintomas de fibrilação atrial estão, assim, associados à má circulação do sangue:

  • Fraqueza, cansaço e falta de ar com pouco esforço;
  • Palpitações e sensação de coração acelerado e irregular;
  • Dor no peito, tonturas e desmaio.

As causas nem sempre são conhecidas. Mesmo pessoas com um coração saudável podem vir a sofrer de fibrilação atrial.

De uma maneira geral, os principais fatores de risco são os seguintes:

  • Idade (mais de 70% dos casos acontecem em pessoas acima dos 65 anos);
  • Consumo de álcool ou drogas;
  • Insuficiência cardíaca;
  • Histórico familiar de fibrilação atrial;
  • Apneia do sono;
  • Hipertensão arterial;
  • Infeções agudas;
  • Alterações das válvulas cardíacas;
  • Doenças congénitas do coração;
  • Doença pulmonar obstrutiva crónica;
  • Hipertiroidismo;
  • Determinados medicamentos;
  • Consumo excessivo de café.

Taquicardia Sinusal

A taquicardia está associada ao aumento da frequência cardíaca acima de 100 batimentos por minuto. Pode ser assintomática, ou dar origem a palpitações.

Entre as causas possíveis as principais são:

  • Razões fisiológicas (durante o exercício físico ou a gravidez);
  • Sepse (ou septicemia);
  • Hipertiroidismo;
  • Anemia;

Taquicardia Paroxística Supraventricular

A taquicardia paroxística supraventricular carateriza-se por uma frequência cardíaca uniforme e rápida (160 a 220 batimentos por minuto), que começa e termina abruptamente.

Normalmente, a pessoa tem uma sensação de incómodo nos batimentos cardíacos (palpitações), falta de ar e dor torácica.

É mais frequente nos jovens e é, sobretudo, mais incómoda do que perigosa, podendo ocorrer durante a atividade física intensa.


Taquicardia Ventricular

A taquicardia ventricular é um ritmo cardíaco iniciado nos ventrículos (câmaras inferiores do coração). Produz uma frequência cardíaca de pelo menos 120 batimentos por minuto.

Os sintomas passam, normalmente, por palpitações, falta de ar, desconforto no peito e/ou desmaio.

A taquicardia ventricular costuma ocorrer, sobretudo, em pessoas com cardiopatias estruturais, ou seja, que tenham anteriormente sofrido um ataque cardíaco, insuficiência cardíaca ou uma cardiomiopatia.

É mais comum entre os idosos, embora possa desenvolver-se, também, em jovens sem qualquer doença estrutural do coração. Geralmente são benignos e exigem tratamento quando acompanhados de sintomas hemodinâmicos.


Fibrilação Ventricular

A fibrilação ventricular é especialmente perigosa, pois pode ser fatal. Corresponde a uma série de contrações descoordenadas, ineficazes e muito rápidas dos ventrículos (câmaras inferiores do coração), provocadas por múltiplos impulsos elétricos caóticos.

Gera perda de consciência em poucos segundos e morte em seguida, se o problema não for rapidamente tratado.

A causa mais frequente da fibrilação ventricular é uma cardiopatia, sobretudo quando o coração recebe um fluxo sanguíneo anormal devido a uma doença arterial coronária, como sucede durante um ataque cardíaco.

Outras causas possíveis:

  • Insuficiência cardíaca;
  • Cardiomiopatias;
  • Choque (pressão arterial muito baixa);
  • Choque elétrico;
  • Afogamento;
  • Síndrome do QT longo (perturbação da atividade elétrica do coração);
  • Medicamentos que afetam as correntes elétricas cardíacas;
  • Síndrome de Brugada (arritmia hereditária, provocada por uma mutação genética);

Diagnóstico

A descrição dos sintomas é, muitas vezes, suficiente para o médico realizar o diagnóstico preliminar e determinar a gravidade da arritmia.

Numa fase posterior, será necessário realizar um conjunto de exames que permitirão determinar o tipo e a causa da arritmia.

Os principais exames são o eletrocardiograma (que avalia a produção de corrente elétrica a cada batimento cardíaco durante cerca de um minuto) e o ECG portátil (que regista o ritmo do coração de forma contínua, durante 24 ou 48 horas – Holter – ou quando a pessoa percebe a anormalidade no ritmo cardíaco e ativa o aparelho).

Para detetar arritmias mais raras, o médico pode utilizar um gravador de eventos implantável (pequeno dispositivo que é implantado sob a pele na região do tórax) ou um teste eletrofisiológico (cateter com pequenos elétrodos que são inseridos pelas veias da perna ou do pescoço).

Outros procedimentos com vista ao diagnóstico incluem:

  • Prova de esforço;
  • Medição da pressão arterial durante os exercícios;
  • Ecocardiograma para detetar anormalidades anatómicas.

Tratamento

O tratamento depende sempre do tipo e da gravidade da arritmia, devendo ser direcionada para a causa subjacente.

Convém, no entanto, evitar o consumo de bebidas alcoólicas, cafeína e tabaco.

Nos outros casos, o tratamento pode incluir:

  • Medicamentos antiarrítmicos, para arritmias com frequência cardíaca rápida;
  • Estimulação do ritmo cardíaco (pacemaker), para arritmias com frequência cardíaca lenta;
  • Aplicação de choque elétrico sob sedação/anestesia, para arritmias de frequência rápida;
  • Ablação por cateter, para aplicação de energia no interior do coração, para terminar ou modificar a arritmia.

Prevenção

A prevenção das arritmias está intimamente relacionada com a prevenção de doenças cardiovasculares.

Desta forma, as recomendações são idênticas:

  • Reduzir o stress;
  • Alimentação balanceada, rica em legumes, frutas e verduras;
  • Evitar ou reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e de energéticos;
  • Não fumar;
  • Praticar exercício físico moderado com regularidade e sob orientação médica;
  • Dar atenção à saúde emocional (evitar o stress);
  • Realizar anualmente exames de rotina ao coração;
  • Prestar atenção aos sinais do coração: pulsação irregular e batimentos intensos.

Aviso: O Blog Mais Saúde é um espaço meramente informativo. A Medicare recomenda sempre a consulta de um profissional de saúde para diagnóstico ou tratamento, não devendo nunca este Blog ser considerado substituto de diagnóstico médico.

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