
A hipnoterapia funciona? Saiba o que diz a ciência
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Índice
- 1. Hipnoterapia: no que consiste e para que é usada
- 2. A ciência confirma que a hipnoterapia funciona?
- 3. De que modo a hipnoterapia pode ajudar na cessação tabágica?
- 4. Que efeitos pode ter a hipnoterapia na saúde mental?
- 5. Existem riscos associados à hipnoterapia?
A hipnose é um processo de terapia psicológica cada vez mais procurado por pessoas que querem deixar de fumar ou atenuar problemas relacionados com a ansiedade.
Contudo, a pergunta que se coloca é: será que a hipnoterapia funciona mesmo? Neste artigo, vamos perceber as conclusões a que a ciência já chegou sobre este tema.
Hipnoterapia: no que consiste e para que é usada
A hipnose é uma ferramenta que pode ser usada para tratamento terapêutico e a hipnoterapia é o uso dessa mesma ferramenta.
Este procedimento induz um estado de atenção elevada, que diminui o pensamento crítico e permite que o indivíduo se envolva profundamente com imagens mentais, facilitando a alteração de ideias consideradas inúteis.
Durante a hipnoterapia, são usadas sugestões verbais que afetam o modo como a pessoa pensa e sente, orientando-a sobre onde focar a sua atenção.
Estudos que observaram a atividade cerebral, em sessões de hipnoterapia, mostram que estas sugestões alteram efetivamente áreas cerebrais relevantes.
Importa salientar que, mesmo em estado hipnótico, a pessoa mantém o controlo total e pode, a qualquer momento, rejeitar as sugestões do terapeuta ou sair do estado de hipnose, se assim o desejar.
Quantas sessões são necessárias?
A duração da hipnoterapia pode depender do paciente em si, quão suscetível é à hipnose e se o problema é simples ou complexo.
Uma sessão pode ser suficiente para ajudar a tratar uma fobia simples.
Contudo, a maioria dos terapeutas recomenda iniciar a terapia de hipnose com 3 a 5 sessões, havendo pessoas que precisem de 20 no total.
A ciência confirma que a hipnoterapia funciona?
A eficácia da hipnoterapia depende da pessoa, uma vez que nem todas conseguem entrar num estado de hipnose o suficiente para que a técnica funcione bem.
Em geral, quanto mais rápida e facilmente as pessoas atingirem um estado de relaxamento e calma durante uma sessão, maior a probabilidade de beneficiarem da hipnose.
É de realçar que a hipnose não é uma intervenção primária, mas pode ser eficaz como parte de um plano de tratamento.
A hipnoterapia tem sido promovida para o tratamento de várias condições, apesar de nem todas serem apoiadas pela ciência e de serem necessários estudos adicionais para entender como a hipnose funciona e para quem.
Contudo, há fortes evidências de que a hipnoterapia funciona, quando usada como tratamento complementar das seguintes condições:
- Dor;
- Insónias;
- Síndrome do intestino irritável;
- Perturbação de stress pós-traumático.
Já outras evidências mais limitadas sugerem que a hipnose terapêutica pode ser usada para tratar ansiedade, depressão, excesso de peso e tabagismo.
De que modo a hipnoterapia pode ajudar na cessação tabágica?
Quando o objetivo é ajudar alguém a deixar de fumar, a hipnose pode ser usada de duas maneiras.
A primeira passa por auxiliar a pessoa a encontrar uma substituição saudável e eficaz, guiando o seu subconsciente em direção a esse hábito em detrimento do tabaco.
Já a segunda maneira implica treinar a mente para associar o fumo do tabaco a sensações indesejáveis, como mau gosto na boca ou cheiro desagradável do fumo.
Contudo, são necessárias mais investigações para verificar se, de facto, a hipnoterapia funciona e tem resultados positivos nas pessoas que queiram deixar de fumar.

Que efeitos pode ter a hipnoterapia na saúde mental?
Embora a hipnoterapia não seja tão amplamente reconhecida quanto a psicoterapia e os medicamentos, a comunidade científica tem estudado os efeitos desta terapêutica em condições de saúde mental, como a ansiedade, depressão e perturbação do stress pós-traumático.
Num estudo conduzido por investigadores da Universidade de Stanford, em que se estudou o cérebro de pessoas durante sessões de hipnose guiada, concluiu-se que um cérebro hipnotizado vivencia mudanças que proporcionam atenção focada e maior controlo físico e emocional.
Um artigo científico, publicado no PubMed Central, explica que, quando os pacientes estão altamente ansiosos, operam num nível emocional em vez de cognitivo, sendo possível direcionar a sua imaginação criativa para algo mais útil.
Se os profissionais de saúde conseguirem concentrar a atenção dos pacientes, assim como direcionar a sua imaginação para se sentirem mais calmos, estes começarão a sentir-se mais capazes de lidar com a situação para a qual procuraram ajuda.
Existem riscos associados ao uso da hipnose?
A hipnose é segura quando realizada por um profissional certificado.
No entanto, pode não ser segura para algumas pessoas com doenças mentais graves. Por exemplo, pode não ser adequada para pessoas com psicose, uma vez que pode piorar a situação.
Antes de fazer hipnoterapia, é aconselhável partilhar quaisquer problemas de saúde existentes com o terapeuta ou clínico geral e ter em consideração que, apesar de raro, podem ocorrer reações adversas, tais como:
- Náusea;
- Tontura;
- Sonolência;
- Dor de cabeça;
- Ansiedade ou angústia;
- Dificuldade para dormir.

A hipnoterapia regressiva pode ajudar a recuperar memórias perdidas?
O uso da hipnose regressiva pode não ser um método adequado para extrair memórias ocultas ou vagas.
Apesar de existir uma crença generalizada de que a hipnose produz memórias precisas, a comunidade científica considera que essa técnica não funciona bem como um método de recuperação de memórias.
Além disso, é mais provável que a pessoa crie falsas memórias num estado de transe.
É possível praticar auto-hipnose?
Sim, é possível praticar auto-hipnose, uma habilidade que pode ser ensinada nas sessões de hipnoterapia.