Usar muitos produtos para a pele é benéfico? O que diz a ciência
• 5 mins. leitura
Índice
A comunicação das marcas e dos influenciadores digitais tem incentivado o uso de múltiplos produtos cosméticos nas rotinas de cuidados com a pele. Mas será que essa prática é realmente benéfica?
Os cuidados básicos com a pele incluem limpeza, hidratação, tratamento e proteção solar. No entanto, as necessidades variam de pessoa para pessoa e nem todos os produtos têm o mesmo efeito.
Antes de avaliar se o uso de vários cosméticos é vantajoso, é importante compreender quais são os cuidados essenciais com a pele em cada fase da vida.
A importância da hidratação e limpeza de pele na rotina
Lavar, hidratar e aplicar protetor solar são os três passos diários fundamentais para manter a pele saudável, o maior órgão do corpo humano.
A importância do protetor solar
Independentemente da idade, o protetor solar é o elemento mais importante de qualquer rotina, já que os raios UV danificam a integridade da pele e aumentam o risco de envelhecimento precoce e cancro cutâneo.
Cuidados por faixa etária
Crianças e adolescentes
Devem usar produtos suaves e adequados à idade;
É essencial evitar ingredientes ativos fortes, como o retinol, que podem causar irritação ou dermatite de contacto.
Adultos e jovens adultos
A escolha dos cosméticos deve considerar o tipo de pele;
Peles oleosas ou com tendência acneica beneficiam de produtos de limpeza que controlem a oleosidade;
Antes de experimentar novos produtos, é aconselhável consultar um médico ou dermatologista.
Idosos
Mantêm-se os cuidados básicos: limpeza, hidratação e proteção solar;
Nesta fase, é comum o aumento da pele seca e o maior risco de doenças cutâneas, o que requer vigilância e produtos adequados.
Atenção aos efeitos adversos
Independentemente da idade, alguns cosméticos podem provocar reações indesejadas, como irritação, secura ou alergias. É importante observar a resposta da pele e ajustar os cuidados.
Fact Check: afinal, usar muitos produtos na pele é benéfico?
Algumas investigações sugerem que certos cosméticos podem conter substâncias potencialmente tóxicas, capazes de ser absorvidas pela pele e entrar na corrente sanguínea.
Contudo, em contextos regulados - como na União Europeia - a toxicidade sistémica é rara. Quando ocorrem exceções, os produtos são retirados do mercado e a legislação é atualizada.
Ingredientes e composição química
Os produtos cosméticos contêm diversos compostos (aditivos, conservantes, pigmentos e fragrâncias) que melhoram a estabilidade, o aroma e a eficácia. No entanto, alguns desses ingredientes podem ter capacidade de bioacumulação, o que representa um risco potencial se a exposição for prolongada ou excessiva.
Outra revisão menciona que as pessoas que usam cosméticos com fórmulas sintéticas estão expostas a riscos significativamente maiores do que aquelas que optam por alternativas naturais.
Usar muitos produtos na pele não é necessariamente benéfico. O excesso pode aumentar o risco de irritação e exposição a substâncias desnecessárias. A chave está em usar apenas o que é essencial e adequado ao tipo de pele, seguindo as orientações médicas ou dermatológicas.
Os produtos cosméticos contêm metais tóxicos?
Alguns cosméticos podem conter vestígios de metais pesados como crómio, arsénio, cádmio, chumbo e mercúrio, presentes como impurezas resultantes do processo de fabrico. No entanto, estes metais são rigorosamente controlados e limitados por regulamentação europeia.
Produtos fora desse controlo, como cosméticos clandestinos ou clareadores com mercúrio, são ilegais e representam riscos reais para a saúde.
Quando presentes em concentrações superiores às permitidas, os metais pesados podem causar efeitos tóxicos no organismo, afetando órgãos e sistemas vitais.
Os cosméticos podem estar na origem de cancro?
O contacto prolongado com determinadas substâncias químicas pode causar problemas de saúde, sobretudo ao nível da pele, como irritação ou sensibilização. Em alguns casos, a exposição a certos ingredientes específicos tem sido associada a efeitos mais graves, mas estas situações dependem da substância e do grau de exposição.
Na União Europeia, os ingredientes considerados de risco inaceitável - incluindo os potencialmente cancerígenos - não são permitidos em produtos cosméticos. Assim, o principal risco associado ao uso excessivo de produtos é, na maioria dos casos, de natureza cutânea.
Os produtos naturais são melhores?
Os ingredientes de origem natural incluem uma grande variedade de extratos botânicos, óleos vegetais e minerais, frequentemente ricos em vitaminas, antioxidantes e ácidos gordos essenciais. Estes compostos podem contribuir para a hidratação, proteção e até para a estimulação da produção de colagénio.
No entanto, nem todos os ingredientes naturais são isentos de riscos. Estudos científicos mostram que certas substâncias, como os óleos essenciais de lavanda ou limão, podem causar reações alérgicas, incluindo eczema e urticária, especialmente em peles sensíveis.
Assim, produtos com ingredientes naturais não são necessariamente mais seguros ou eficazes do que os sintéticos para toda a gente. A tolerância depende sempre do tipo de pele e da formulação do produto.
A limpeza de pele tem de ser diferente na menopausa?
À medida que a mulher envelhece, os níveis de estrogénio e colagénio diminuem, o que significa que a pele fica mais fina e seca.
Não há nenhum produto de beleza que impeça o envelhecimento da pele, mas alguns ingredientes ativos podem ajudar na rotina da menopausa:
Protetor solar de amplo espectro, incorporado em muitos hidratantes. A exposição ao sol acelera o envelhecimento da pele e leva ao aparecimento de manchas;
Retinoides (derivados da vitamina A), que podem acelerar a renovação celular da pele;
Ácido hialurónico, que contribui para reforçar o nível de humidade da pele;
Hidratantes, responsáveis por melhorar a suavidade e a flexibilidade da pele. Ingredientes comuns incluem aloe vera, glicerina, manteiga de karité e diversos óleos naturais, como coco e sementes de girassol.
Quais são os efeitos adversos mais comuns dos cosméticos?
As alergias e a irritação cutânea são efeitos adversos comuns associados a vários cosméticos.
Certas fragrâncias, conservantes e corantes podem provocar reações que vão desde vermelhidão e comichão ligeira, até alergias de contacto mais graves.
A segurança dos produtos de beleza é avaliada?
Nos últimos anos, os avanços nas técnicas de avaliação de segurança revolucionaram a indústria cosmética.
Uma das principais mudanças foi a substituição dos testes em animais por métodos in vitro e pelo uso de modelos tridimensionais de pele (pele 3D), que reproduzem com grande precisão a estrutura e a função da pele humana.
Estes modelos permitem avaliar de forma mais fiável a irritação, a sensibilização e a absorção cutânea, tornando o processo mais ético e tecnicamente rigoroso.
Apesar destes progressos, é importante manter uma visão crítica sobre o uso excessivo de cosméticos. Mesmo produtos considerados seguros, sejam sintéticos ou naturais, podem conter substâncias químicas, fragrâncias e conservantes que, em excesso, irritam ou sensibilizam a pele.
Assim, a ciência é clara: usar muitos produtos não traz mais benefícios. O essencial continua a ser uma rotina simples e eficaz, baseada em limpeza, hidratação e proteção solar.