
Aspartame: este adoçante pode causar cancro?
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Índice
- 1. O que é?
- 2. Em que produtos?
- 3. É cancerigeno
- 4. Efeitos secundários
- 5. Informações importantes
O aspartame é um dos adoçantes artificiais mais utilizados no mundo, mas também um dos mais controversos. Classificado como E951 na lista de aditivos alimentares, tem sido alvo de investigações científicas devido a potenciais efeitos adversos para a saúde.
Neste artigo vamos explorar o que é este adoçante artificial, em que produtos se encontra, perceber se é cancerígeno e quais os efeitos secundários associados ao seu consumo.
O que é o aspartame (E951)?
Trata-se de um adoçante artificial utilizado como substituto do açúcar em milhares de produtos alimentares e bebidas. É cerca de 200 vezes mais doce do que o açúcar comum, o que permite utilizar pequenas quantidades para obter o mesmo nível de doçura.
O aspartame é rapidamente metabolizado no trato gastrointestinal em três componentes: ácido aspártico, fenilalanina e metanol. Este último tem sido alvo de preocupação, uma vez que o metanol pode ser convertido no fígado em formaldeído e, subsequentemente, em ácido fórmico — compostos tóxicos quando estão em concentrações elevadas.
Na União Europeia, está classificado como E951. É autorizado pelas principais entidades reguladoras, a EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar) e a FDA (Food and Drug Administration). também é aceite pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE).
Em que produtos podemos encontrar este adoçante?
O aspartame está presente numa vasta gama de alimentos e bebidas, especialmente nos produtos rotulados como "light", "sem açúcar" ou "diet". Alguns exemplos incluem:
- Refrigerantes dietéticos e outras bebidas com gás;
- Iogurtes e gelatinas sem açúcar;
- Pastilhas elásticas, rebuçados e doces dietéticos;
- Adoçantes de mesa (em pó, líquido ou pastilhas);
- Produtos dietéticos e suplementos alimentares;
- Medicamentos e vitaminas mastigáveis.
É comum encontrá-lo nos rótulos com o nome "aspartame" ou como "E951". A sua presença é particularmente frequente em produtos destinados à perda de peso ou à gestão de diabetes.

O aspartame é cancerígeno?
Esta é uma das questões que têm sido mais debatidas. Em julho de 2023, a Agência Internacional para a Investigação do Cancro (IARC), que integra a Organização Mundial da Saúde, classificou o aspartame como "possivelmente cancerígeno para os seres humanos". Esta classificação (Grupo 2B) não implica que seja definitivamente cancerígeno, mas sim que há evidências insuficientes para descartar completamente essa possibilidade.
Apesar disso, o Comité de Peritos em Aditivos Alimentares da OMS (JECFA) manteve a dose diária admissível em 40 mg por kg de peso corporal. Isto significa que um adulto com 70 kg pode consumir até 2800 mg por dia de forma considerada segura. Para referência, uma lata de refrigerante diet pode conter cerca de 200 mg de aspartame.
A FDA, a EFSA e a própria ASAE continuam a considerar o edulcorante aspartame seguro para o consumo humano, desde que respeitados os limites recomendados.
Ainda assim, estudos realizados em animais demonstraram uma possível ligação entre o aspartame e o desenvolvimento de certos tipos de cancro, como linfomas e leucemia. Mas, mais uma vez, com doses muito elevadas. Tudo isto alimenta o debate científico em torno do seu uso a longo prazo.
Quais os possíveis efeitos secundários da ingestão de produtos com este ingrediente?
Para além da preocupação com o cancro, diversos estudos e testemunhos apontam para outros efeitos secundários do aspartame, entre os quais se destacam:
- Dores de cabeça ou enxaquecas;
- Tonturas e sensação de confusão mental;
- Alterações de humor e irritabilidade;
- Sintomas gastrointestinais como inchaço abdominal, náuseas e desconforto abdominal;
- Insónias ou dificuldades no sono;
- Fadiga inexplicável.
É importante mencionar que muitas destas reações são reportadas individualmente e que os dados científicos disponíveis ainda não confirmam uma relação causal clara em todos os casos. No entanto, pessoas mais sensíveis podem apresentar sintomas mesmo com doses consideradas seguras.

Há também preocupações quanto ao impacto do aspartame na microbiota intestinal e na regulação do apetite, sugerindo que o seu consumo regular pode alterar os mecanismos naturais de controlo da saciedade e do metabolismo. Mas esta é uma área que ainda requer mais investigação.
Por fim, indivíduos com fenilcetonúria (PKU), uma doença genética rara, devem evitar completamente o aspartame. Esta condição impede o organismo de metabolizar a fenilalanina, presente na composição do adoçante.
O que devemos reter sobre o aspartame
O aspartame, ou E951, é um adoçante artificial amplamente utilizado na indústria alimentar como alternativa ao açúcar. Embora seja aprovado por diversas entidades internacionais, continua a gerar controvérsia devido à sua possível ligação ao cancro e a outros efeitos secundários relatados por consumidores.
Embora a maioria das autoridades de saúde continue a considerar o aspartame seguro, a classificação recente da OMS exige atenção ao consumo excessivo, especialmente em populações sensíveis.
Se quer manter uma alimentação equilibrada e informada, vale a pena ler os rótulos com atenção e procurar alternativas mais naturais sempre que possível.
Algumas opções que oferecem doçura com menos riscos potenciais são:
- Stevia, geralmente considerada segura, mas pode ter um sabor residual amargo para algumas pessoas;
- Eritritol: bem tolerado por muitos, mas em excesso pode causar desconforto gastrointestinal;
- Xilitol: seguro para consumo humano, mas tóxico para animais de estimação.