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Cancro da bexiga: sinais a que deve estar atento

11 mins. leitura

Índice

  1. 1. O que é o cancro da bexiga?
  2. 2. Quais os tipos de cancro da bexiga?
  3. 3. Quais as causas e fatores de risco do cancro da bexiga?
  4. 4. Quais sintomas e sinais de alerta para o cancro da bexiga?
  5. 5. Quais as opções de tratamento?

O cancro da bexiga é uma doença oncológica que, embora relativamente rara, merece especial atenção, sobretudo a partir dos 60 anos. Pode surgir em qualquer parte da bexiga, geralmente no seu revestimento interno, e manifesta-se através de sintomas como sangue na urina ou dor na zona lombar.

Apesar de, na maioria dos casos, ser possível tratá-lo com sucesso, existe o risco de recorrência, o que torna o acompanhamento médico essencial. Neste artigo explicamos os principais sinais a que deve estar atento, os fatores de risco associados, bem como as formas de diagnóstico e tratamento disponíveis.

O que é o cancro da bexiga?

É um tipo de cancro que se desenvolve nas células que revestem o interior da bexiga, responsável por armazenar a urina produzida pelos rins. À medida que a bexiga se enche, estas células, chamadas uroteliais, esticam-se e voltam ao normal quando a bexiga está vazia.

A doença começa quando algumas dessas células sofrem alterações genéticas (mutações) que as levam a crescer de forma descontrolada, formando um tumor. Se não for detetado e tratado precocemente, o cancro pode invadir as camadas mais profundas da bexiga, atingir os gânglios linfáticos próximos e eventualmente espalhar-se (metastizar) para outros órgãos, como os pulmões, fígado ou ossos.

Pode surgir em qualquer parte da bexiga e existem diferentes tipos, consoante a localização e o tipo de célula afetada. A sua gravidade depende da dimensão do tumor, da sua extensão e do estado geral de saúde do doente.

Quais os tipos de cancro da bexiga?

O cancro da bexiga pode surgir a partir de diferentes tipos de células da parede da bexiga. O tipo específico de cancro é determinado pela célula onde o tumor se origina, e esta classificação é essencial para definir o prognóstico e as opções de tratamento.

Carcinoma urotelial (ou de células transicionais)

O carcinoma urotelial é o tipo mais comum de cancro da bexiga, representando cerca de 90% dos casos. Desenvolve-se nas células uroteliais, que revestem o interior da bexiga e de outras estruturas do trato urinário, como os ureteres e a uretra.

Este tipo de cancro pode afetar outras partes das vias urinárias, sendo por isso fundamental examinar todo o sistema.

O carcinoma urotelial pode surgir em duas formas principais:

  • Neoplasias papilares, que crescem para o interior da bexiga como projeções semelhantes a dedos;

  • Lesões planas ou sésseis, que se mantêm achatadas contra a parede da bexiga e incluem o carcinoma in situ (CIS), uma forma agressiva, mas superficial.

Carcinoma de células escamosas

Este tipo representa cerca de 3% a 5% dos casos de cancro da bexiga. As células cancerígenas são semelhantes às da pele.

Surge geralmente após irritação crónica da bexiga, como infeções urinárias recorrentes, uso prolongado de cateteres ou em pessoas com esquistossomose, uma infeção parasitária comum em algumas regiões da África e do Médio Oriente.

Adenocarcinoma

O adenocarcinoma da bexiga é um tipo raro, representando 1% a 2% dos casos. Desenvolve-se a partir das células glandulares da bexiga, que produzem muco. Está frequentemente associado a inflamação crónica ou malformações congénitas.

Carcinoma de pequenas células

Extremamente raro (menos de 1% dos casos), este tipo de cancro tem origem em células neuroendócrinas da bexiga. Carateriza-se por um crescimento rápido e agressivo, exigindo geralmente quimioterapia intensiva semelhante à usada no cancro do pulmão de pequenas células.

Sarcoma

Também muito raro, o sarcoma da bexiga desenvolve-se nos tecidos conjuntivos, como o músculo da parede da bexiga. Pode afetar crianças e adultos, e os subtipos incluem sarcomas de tecidos moles e rabdomiossarcomas.

causas do cancro da bexiga

Quais as causas e fatores de risco do cancro da bexiga?

Embora nem sempre seja possível identificar uma causa direta, há vários fatores de risco bem estabelecidos que aumentam a probabilidade de desenvolver a doença.

Tabagismo

Fumar é o principal fator de risco para o cancro da bexiga. Substâncias químicas nocivas do tabaco entram na corrente sanguínea, são filtradas pelos rins e acumulam-se na urina, em contacto direto com o revestimento da bexiga.

Estima-se que os fumadores tenham até quatro vezes mais probabilidade de desenvolver a doença do que os não fumadores.

Exposição a substâncias químicas

A exposição prolongada a certos produtos químicos utilizados na indústria, como os da borracha, couro, tintas, têxteis e produtos de impressão, está associada a um risco mais elevado. O corpo elimina muitas destas substâncias através da urina, o que pode danificar o revestimento da bexiga.

Profissionais destas indústrias, bem como pintores, cabeleireiras e empregadas de limpeza que lidam frequentemente com produtos químicos, apresentam um risco mais elevado.

Idade e género

O risco de cancro da bexiga aumenta com a idade, sendo mais comum a partir dos 55 anos.

Além disso, é mais frequente nos homens do que nas mulheres, sendo a probabilidade duas a três vezes superior.

Histórico pessoal ou familiar

Pessoas que já tiveram cancro da bexiga apresentam maior risco de recorrência. Ter familiares diretos com a doença também pode aumentar o risco, embora a maioria dos casos não esteja diretamente ligada a fatores hereditários.

Inflamações ou infeções crónicas da bexiga

Inflamações prolongadas, como nas infeções urinárias recorrentes, uso prolongado de sondas urinárias ou presença de cálculos na bexiga, podem aumentar o risco, especialmente em algumas formas menos comuns da doença.

Exposição à quimioterapia ou radioterapia

Pacientes tratados com certos medicamentos quimioterápicos, como a ciclofosfamida, ou que receberam radioterapia na região pélvica, têm um risco ligeiramente aumentado de desenvolver cancro da bexiga.

Síndromes genéticas raras

Algumas condições hereditárias raras, como a síndrome de Lynch (também conhecida como cancro colorretal hereditário sem polipose), podem aumentar o risco de cancro da bexiga e de outros órgãos do sistema urinário.

Quais sintomas e sinais de alerta para o cancro da bexiga?

O principal sintoma do cancro da bexiga é a presença de sangue na urina (hematúria), que pode ser visível a olho nu (hematúria macroscópica) ou detetado apenas em exames laboratoriais (hematúria microscópica).  

Mesmo que ocorra de forma pontual ou isolada, a hematúria deve ser sempre avaliada por um profissional de saúde, pois é frequentemente o primeiro sinal da doença.

Outros sintomas urinários que podem surgir incluem:

  • Dor ou ardor ao urinar (disúria);

  • Necessidade frequente de urinar, mesmo em pequenas quantidades;

  • Urgência urinária (vontade súbita e intensa de urinar);

  • Dificuldade em iniciar ou manter o fluxo;

  • Infeções urinárias recorrentes, que não respondem bem ao tratamento habitual.

É importante lembrar que estes sintomas também podem estar associados a outras condições menos graves, como infeções urinárias ou doenças da próstata. No entanto, qualquer sinal suspeito deve motivar a procura de avaliação médica. A deteção precoce do cancro da bexiga aumenta significativamente a probabilidade de sucesso do tratamento.

Em fases mais avançadas, o cancro da bexiga pode manifestar-se com:

  • Dor na região lombar ou pélvica;

  • Fadiga persistente;

  • Perda de apetite e emagrecimento inexplicado;

  • Sensação de mal-estar geral;

  • Dor óssea (em casos de metastização).

Como é feito o diagnóstico do cancro da bexiga?

O diagnóstico inicia-se, normalmente, com a investigação de hematúria inexplicável (sangue na urina).

Um historial clínico completo e um exame físico são recomendados para todos os doentes com hematúria inexplicável, para identificar fatores de risco para malignidade urotelial, bem como outras causas benignas de hemorragia, como infeções urinárias, urolitíase, doenças renais, hiperplasia benigna da próstata, e outros distúrbios geniturinários.

Nas mulheres, o exame inclui ainda uma avaliação cuidadosa dos órgãos genitais e do exame pélvico para excluir outras causas ginecológicas.

Exames laboratoriais à urina

  • Análise da urina: procura a presença de sangue e sinais de infeção, já que infeções do trato urinário podem causar sintomas semelhantes;

  • Citologia da urina: exame microscópico que procura células cancerígenas ou pré-cancerosas na urina. Este teste tem alta especificidade (90‑100%), sendo especialmente eficaz para tumores de alto grau, mas é menos sensível para tumores de baixo grau;

  • Testes de marcadores tumorais urinários (biomarcadores): incluem exames como UroVysion, BTA, ImmunoCyt e NMP22, que procuram substâncias associadas a células tumorais. Estão a ser desenvolvidos testes com base em microRNAs urinários e padrões de metilação do ADN, que mostram potencial para melhorar a deteção precoce e vigilância da doença.

Exame endoscópico (cistoscopia)

A cistoscopia é o principal exame para diagnóstico. Consiste na introdução de um tubo fino e iluminado (cistoscópio) pela uretra até à bexiga para visualizar diretamente o seu revestimento interno. Permite ao médico observar áreas suspeitas e recolher biópsias.

Existem variantes, como a cistoscopia de fluorescência (luz azul), que utiliza um corante que ilumina as células cancerígenas, ajudando a detetar lesões que seriam invisíveis com luz normal.

Biópsia e resseção transuretral do tumor da bexiga (RTU)

Durante a cistoscopia, o médico pode realizar a RTU, removendo tumores para análise patológica, que confirma a presença de cancro, avalia a invasividade e o grau do tumor. A RTU também pode ser terapêutica para tumores superficiais.

Os tumores são classificados quanto à invasão da parede da bexiga:

  • Não invasivos do músculo (NMIBC): limitados ao revestimento interno da bexiga ou ao tecido conjuntivo logo abaixo, com menor risco imediato;

  • Invasivos do músculo (CMIM): que invadem a camada muscular principal, com maior probabilidade de disseminação.

Quanto ao grau, distinguem-se:

  • Baixo grau (bem diferenciados, crescem lentamente);

  • Alto grau (pouco diferenciados, mais agressivos).

Exames de imagem

São realizados para avaliar a extensão local e a possível disseminação do cancro:

  • Tomografia computorizada (TAC) do abdómen, pélvis e tórax, para avaliar tumores, gânglios linfáticos e metástases pulmonares;

  • Ressonância magnética (RM) para visualização detalhada do envolvimento da parede da bexiga e estruturas adjacentes;

  • Cintilografia óssea para detetar metástases ósseas, indicado quando há suspeita clínica;

  • Tomografia por emissão de positrões (PET/CT) em casos selecionados para deteção de disseminação metastática.

Estadiamento e testes genéticos

Após confirmação do diagnóstico, o cancro é estadiado (avaliada a fase de desenvolvimento) para determinar a extensão local e a presença de metástases, utilizando o sistema TNM (Tumor, Nódulos linfáticos, Metástases).

Alguns doentes, especialmente os diagnosticados jovens ou com historial familiar relevante, podem beneficiar de testes genéticos para alterações herdadas que aumentem o risco, como o síndrome de Lynch.

tratamento do cancro da bexiga

Quais as opções de tratamento?

O tratamento do cancro da bexiga depende de vários fatores, como o tipo e estadio do tumor, a sua localização, a presença de metástases, o estado geral de saúde da pessoa e as preferências individuais. As opções podem incluir cirurgia, terapias locais, quimioterapia, imunoterapia e, em alguns casos, radioterapia.

O tratamento é frequentemente decidido por uma equipa multidisciplinar, que pode incluir urologistas, oncologistas, radioterapeutas e outros profissionais de saúde. Em alguns casos, são combinadas várias estratégias para melhorar os resultados e preservar, tanto quanto possível, a qualidade de vida do doente.

Cirurgia

A cirurgia é uma das abordagens mais comuns e pode variar consoante a extensão do tumor:

  • Resseção transuretral do tumor da bexiga (RTU): indicada para tumores superficiais (não invasivos). É realizada através da uretra, sem incisões externas, e pode ser suficiente em casos iniciais;

  • Cistectomia parcial: remoção de uma parte da bexiga, quando o tumor está localizado e acessível;

  • Cistectomia radical: remoção total da bexiga, muitas vezes com remoção de gânglios linfáticos e de outros órgãos próximos (como próstata nos homens e útero nas mulheres). Nestes casos, é necessário criar uma nova via para eliminar a urina, como uma urostomia ou uma neobexiga.

Tratamentos locais

Após a RTU, pode ser necessário aplicar terapias diretamente na bexiga, para reduzir o risco de recidiva:

  • Instilação intravesical de BCG (Bacillus Calmette-Guérin): é uma forma de imunoterapia administrada diretamente na bexiga. Estimula o sistema imunitário a combater células cancerígenas. É particularmente usada em tumores não invasivos de alto risco;

  • Instilação com quimioterapia intravesical (exemplo, mitomicina C): também usada após a cirurgia para prevenir recidivas.

Quimioterapia sistémica

A quimioterapia pode ser usada:

  • Antes da cirurgia (neoadjuvante): para reduzir o tamanho do tumor e melhorar o prognóstico;

  • Após a cirurgia (adjuvante): para eliminar células cancerígenas remanescentes;

  • Como tratamento principal, em casos de doença avançada ou metastática.

Regimes como o MVAC (metotrexato, vinblastina, doxorrubicina e cisplatina) ou o GC (gemcitabina e cisplatina) são frequentemente utilizados.

Imunoterapia sistémica

Para doentes com cancro da bexiga avançado ou metastático que não respondem bem à quimioterapia, podem ser usados inibidores do ponto de verificação imunológico, como o atezolizumab, nivolumab ou pembrolizumab, que ajudam o sistema imunitário a reconhecer e atacar as células cancerígenas.

Radioterapia

A radioterapia é menos usada como tratamento principal, mas pode ser indicada:

  • Em combinação com quimioterapia, como alternativa à cistectomia em casos selecionados;

  • Para controlo de sintomas, como dor ou hemorragia, em contexto paliativo.

Como prevenir o cancro da bexiga?

Embora não exista uma forma garantida de prevenir o cancro da bexiga, há medidas que podem reduzir significativamente o risco:

  • Evite fumar: o tabaco é o principal fator de risco para este tipo de cancro. Fumar mais do que duplica a probabilidade de desenvolver a doença. Se fuma, fale com o seu médico sobre estratégias para deixar de fumar, como medicamentos, grupos de apoio ou terapias específicas;

  • Reduza a exposição a químicos nocivos: pessoas que trabalham com produtos como tintas, corantes, borracha, couro, produtos de cabeleireiro ou alguns tecidos, devem seguir rigorosamente as normas de segurança e usar equipamento de proteção. A exposição prolongada a estas substâncias aumenta o risco;

  • Mantenha-se hidratado: beber água em quantidade suficiente ajuda a diluir e eliminar substâncias potencialmente cancerígenas da bexiga através da urina;

  • Adote uma alimentação equilibrada: uma dieta rica em frutas e legumes, sobretudo os coloridos e com elevado teor de antioxidantes, pode contribuir para reduzir o risco de vários tipos de cancro, incluindo o da bexiga;

  • Faça check-ups regulares: a vigilância médica é fundamental, especialmente se já teve ou tiver historial familiar de cancro da bexiga, infeções urinárias frequentes, cálculos na bexiga ou outros problemas do trato urinário;

  • Esteja atento aos sinais: a deteção precoce é uma das melhores formas de garantir um tratamento eficaz. Se notar sangue na urina (hematúria), alterações na frequência ou dor ao urinar, procure aconselhamento médico.

A prevenção do cancro da bexiga passa por escolhas informadas, hábitos de vida saudáveis e acompanhamento médico regular.

Aviso: O Blog Mais Saúde é um espaço meramente informativo. A Medicare recomenda sempre a consulta de um profissional de saúde para diagnóstico ou tratamento, não devendo nunca este Blog ser considerado substituto de diagnóstico médico.

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