
Covid longa: os efeitos prolongados do vírus que parou o mundo
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Índice
- 1. O que é?
- 2. Quando é considerada?
- 3. Quem tem mais risco?
- 4. Sequelas
- 5. Sintomas
A Covid longa é uma condição cada vez mais reconhecida por profissionais de saúde e investigadores, em Portugal e no mundo. Apesar de a fase mais crítica da pandemia estar ultrapassada, muitas pessoas continuam a sofrer com sintomas persistentes, semanas, meses ou até anos após a infeção inicial.
Fadiga extrema, perda de olfato ou paladar são apenas alguns dos sintomas possíveis. O tratamento varia consoante os sintomas de cada pessoa. Continue a ler para compreender melhor esta condição, as sequelas e sintomas, bem como quando deve procurar apoio médico.
O que é a Covid longa?
A Covid longa, também conhecida como condição pós-Covid-19, é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um conjunto de sintomas que persistem ou se desenvolvem após uma infeção por SARS-CoV-2. Estes sintomas não se explicam por outra condição de saúde e, na maioria dos casos, têm um impacto significativo na qualidade de vida dos doentes.
Embora ocorra com mais frequência em pessoas que tiveram Covid-19 grave, qualquer pessoa infetada pode desenvolver a doença, incluindo crianças. A prevalência estimada varia: diferentes estudos estimam entre 5% e 30% da população infetada.
Esta condição pode envolver vários órgãos e sistemas do corpo, como o respiratório, cardiovascular, neurológico e musculoesquelético. Apesar de ainda não existir um tratamento específico, a abordagem clínica foca-se no alívio dos sintomas e na reabilitação funcional dos doentes.
A partir de quanto tempo é considerada Covid longa?
A Covid longa é diagnosticada quando os sintomas se mantêm durante quatro semanas ou mais após a fase aguda da infeção. No entanto, a maioria das definições clínicas considera que os sintomas devem persistir por pelo menos 12 semanas para se classificarem como tal, especialmente se causam limitação nas atividades diárias.
A duração dos sintomas da Covid pode variar bastante. Em alguns casos, os doentes notam melhorias graduais, mas noutros os sintomas podem manter-se durante meses ou até mais de um ano. Esta variabilidade torna o diagnóstico e tratamento mais desafiantes, exigindo acompanhamento médico multidisciplinar.
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Quem está mais em risco de desenvolver esta condição?
Qualquer pessoa infetada com SARS-CoV-2 pode desenvolver Covid longa, independentemente da gravidade da infeção inicial. No entanto, diversos estudos e organizações de saúde pública indicam que certos grupos apresentam um risco mais elevado de desenvolver sintomas prolongados da covid-19.
Os principais fatores de risco incluem:
- Ter tido Covid-19 grave, com necessidade de hospitalização, cuidados intensivos ou ventilação assistida;
- Ser mulher: vários estudos evidenciam uma maior prevalência no sexo feminino, apesar de os homens terem maior risco de Covid grave;
- Ter mais de 40 anos;
- Sofrer de doenças crónicas, como diabetes, hipertensão, obesidade ou doenças autoimunes;
- Ter historial de problemas de saúde mental, como ansiedade ou depressão, pode também estar associado a um risco acrescido;
- Não estar vacinado contra a covid-19: a vacinação parece reduzir a probabilidade de desenvolver a condição pós-covid-19.
Ainda que estas caraterísticas aumentem o risco, é importante sublinhar que a Covid longa também afeta pessoas jovens, saudáveis e vacinadas, incluindo crianças e adolescentes. A natureza imprevisível da condição reforça a importância da vigilância dos sintomas após a infeção e da procura de apoio clínico adequado.
Quais são as sequelas deixadas pelo Covid?
As sequelas referem-se a alterações funcionais ou estruturais que persistem a longo prazo, mesmo após a recuperação da fase aguda. Estas alterações podem afetar vários sistemas do corpo e ter um impacto significativo na qualidade de vida.
Entre as mais frequentes estão:
- Comprometimento pulmonar: redução da função respiratória, com necessidade de fisioterapia ou reabilitação pulmonar;
- Miocardite ou arritmias cardíacas, mesmo em doentes sem historial cardíaco prévio;
- Distúrbios neurológicos, como formigueiros, perda de equilíbrio ou anosmia (perda de olfato) prolongada;
- Perturbações cognitivas duradouras, incluindo dificuldades de concentração e memória;
- Ansiedade, depressão e perturbações do sono;
- Síndrome de fadiga crónica (conhecida como fadiga intensa, não aliviada com repouso e que persiste por mais de seis meses);
- Exacerbação de doenças preexistentes, como diabetes ou doenças autoimunes.
Estas sequelas podem exigir tratamentos especializados e acompanhamento multidisciplinar.
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Quais são os sintomas da Covid longa?
Os sintomas da Covid longa podem afetar diferentes sistemas do corpo e apresentar-se de forma isolada ou combinada. Não existe um padrão único, e a sua duração pode variar significativamente de pessoa para pessoa.
Os sintomas mais comuns incluem:
- Fadiga persistente;
- Falta de ar (dispneia);
- Dores musculares e articulares;
- Dores de cabeça;
- Palpitações ou dor no peito;
- Tonturas;
- Problemas de memória e concentração;
- Alterações no olfato e paladar;
- Perturbações do sono;
- Tosse contínua;
- Sintomas gastrointestinais, como náuseas e diarreia;
- Erupções cutâneas;
- Ansiedade e depressão.
Estes sintomas podem aparecer isoladamente ou em conjunto e, por vezes, surgem de forma cíclica, com fases de melhoria e recaída. Podem também ocorrer mesmo em pessoas que tiveram uma infeção ligeira e sem necessidade de hospitalização.
Covid longa: como lidar com os sintomas e recuperar qualidade de vida
O acompanhamento da Covid longa deve ser personalizado, tendo em conta os sintomas de cada pessoa. Não existe, até à data, um tratamento único ou específico para esta condição.
As abordagens mais comuns são:
- Acompanhamento médico regular, com avaliação por diferentes especialidades (medicina geral, pneumologia, neurologia, psicologia, fisiatria);
- Reabilitação física e respiratória, para recuperar a capacidade funcional e melhorar a tolerância ao esforço;
- Terapia cognitiva e ocupacional, para lidar com perturbações de memória, atenção e tarefas diárias;
- Apoio psicológico e psiquiátrico, em casos de ansiedade, depressão ou stress pós-traumático;
- Medicação sintomática, como analgésicos, anti-inflamatórios, broncodilatadores ou suplementos, sempre sob orientação médica;
- Alterações no estilo de vida, com foco numa alimentação equilibrada, sono de qualidade e atividade física adaptada.
Apesar de muitos doentes recuperarem rapidamente da Covid-19, uma parte significativa continua a lidar com sintomas persistentes. É fundamental que não ignore os sintomas e procure apoio junto do médico assistente, que pode encaminhar para equipas especializadas, quando necessário.